Friday, January 9, 2009

Quem não arrisca...

Uma rápida inspecção da área entre os povoados proto-histórico do Risco e das Marmitas, permitiu-me hoje concluir que não existe provavelmente solução de continuidade entre ambos: trata-se de um único povoado, de consideráveis dimensões (com base na topografia e na dispersão dos materiais, pode estimar-se uma área entre 20 e 30 ha.

O cáracter aberto é um dos enigmas mais interessantes, numa época - o Bronze Final -em que, no Sudoeste peninsular, os grandes povoados se implantam geralmente em locais com elevada defensabilidade natural (cumeadas, cabeços, esporões...), quase sempre com sistemas defensivos complexos (muralhas, fossos, cavalos de frisa...).
Não é o caso do Risco/Marmitas.

É certo que, no mesmo quadro geográfico, se conhecem pequenos sítios de habitat, sem defensabilidade, nem defesas construídas.

Trata-se de um patamar ligeiramente inclinado, na base da vertente abrupta da Serra do Risco, no lado oposto à famosa ravina mais alta da Europa: o acesso a partir do mar estava, pois, bem protegido.
Dos outros lados, os declives são reduzidos: o povoado parece ser delimitado, a Leste e Oeste, por duas linhas de água tranversais.


Apesar da falta de defensabilidade natural, o povoado desfrutava de um amplo domínio visual sobre o território envolvente. Note-se que o pequeno povoado contemporâneo do Castelo dos Mouros (já em Setúbal) é claramente visível a partir do Risco. Sentinela ou residência de elite?



O Castelo dos Mouros, visto do Risco/Marmitas

Possíveis restos de estruturas no povoado das Marmitas


A estratigrafia do solo natural, nas imediações do povoado, ronda os 50 cm (observada no corte de uma das pedreiras artesanais.


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